Quem sou eu

Sou um cara que ama a vida e tudo que ela tem a oferecer. Praticante de esportes de aventura, apaixonado por todo tipo de esporte que trabalhe a mente e o corpo de forma una e eletrizante. Degustem á vontade!

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Desabafo

Era noite, e chovia bastante. Eu iria passar pelo meu recanto, meu lar, aquele lugar aonde eu quero ser enterrado. Mas a escuridão aliada á forte chuva, não me permitiu apreciar um dos símbolos de tanta paixão e encanto por aquele lugar. As serras. Ali, à beira da rodovia, entrando um pouco a mata, haviam belas serras. Suas riquezas em flora , fauna e água despertavam a cobiça do mundo inteiro. O Bioma Cerrado é o detentor de todas essas riquezas naturais invejáveis, apreciáveis, iningualáveis. Adentrando mais a mata, subindo por essas serras, poderíamos chegar ao Rio de Ondas. Fonte de riqueza, sobrevivência e lazer para povoados ribeirinhos, para donos de clubes, para toda uma população que ainda precisa aprender a amar esse rio de verdade. O rio é orgulho para toda população barreirense, suas belezas são mencionadas de norte a sul do Brasil, por qualquer visitante que tenha tido o prazer de banhar em suas águas. Infelizmente sei que tal orgulho não vem inerente ao senso de responsabilidade social coletivo. O rio é morto aos poucos, sendo lentamente torturado, por dejetos fecais, por lixo, esgoto, irrigação predatória. Crueldade não só com o rio, mas para com nosso filhos também! E quando não houver mais água? Já pensaram nisso?
Pensar nisso me assusta muito, vamos falar de outra coisa. Seguindo pela rodovia e já entrando no perímetro urbano eu sinto aquele choque emocional da saudade sendo saciada vorazmente. Eu disse: “ Não posso passar direto, preciso pelo menos ver o Cais da minha cidade!”. Que tristeza, que descaso, o que era aquilo que eu via? Por acaso não há serviço de limpeza pública na cidade? E os moradores? Não sabem que aqueles cestos espalhados em cada canto para onde se olha, serve justamente para se jogar o que eles insistem em jogar ao chão? Nem precisa ser um grande cientista social para saber que eles sabem, mas não ligam para isso. É problema da prefeitura, é o que devem dizer...
Haaa, o Rio Grande! Grande afluente da margem esquerda do Velho Chico. Rio maravilhoso, Nasce em São desidério, lá em meio à Serra geral do Goiás, e vem com todo o seu esplendor, brilhar ao longo de metade da Bahia. Toda região Depende direta ou indiretamente desse belo rio. Também é a fonte de sustento ao povo de boa parte do semi-árido baiano. Como o Nilo no Egito, transforma a terra seca e morta, em Terra fértil, terra que se planta qualquer coisa e ainda assim vinga com toda a força. "Preciso sentir aquela brisa fresca, que coisa boa, levantava de madrugada para poder sentir tal prazer!". E isso agora? O nosso Rio Grande Virou um Tietê do Oeste Baiano? Que maldito cheiro de esgoto, quanto lixo em suas margens, e cadê toda aquela água que corria por aqui? Agora se parece com um grande riacho!
Já sentiram aquela vontade enorme de chorar por está perdendo algo ou alguém que você amava muito? Foi o que eu senti. Não tive coragem de ver o resto da cidade, com certeza eu iria sentir mais dor, e não tenho vocação para masoquista. Fui embora do que era o meu recanto, para bem longe, e por mais triste que seja eu pensar assim, não desejo mais voltar por lá. A cidade dos meus sonhos não existia mais.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O ônibus do Além [trecho1/2]


Para assuntos formais era o Agnaldo Brito, para a família, Naldo, para os amigos, Naldinho. Esses últimos eram bem poucos, tinha somente dois amigos, se é que pode se chamar de amigo uma pessoa que só participa de sua vida em momentos nada agradáveis, passivamente e por vezes sofrendo junto. Os seus dois amigos nada mais eram que companheiros de Bullying, não como agressores, mas como vitimas. Tornaram-se amigos quando, após a agressão diária dos valentões, se juntavam para discutir pormenores da tortura física e mental, ora alegando que um apanhou mais que o outro, ora dizendo que tal palavrão dirigido à sua pessoa era novo, diferente, digno de ser anotado para averiguarem posteriormente o seu significado, não obstante, quando o dito palavrão fora proferido, o contexto desse a eles evidências o suficiente para deduzirem isso com larga facilidade. Em dias melhores chegavam a cogitar cinematográficas represálias, mas não passava disso, as batalhas épicas entre o reino do bem e do mal ficavam na imaginação.
Nesse dia Naldinho se privou do colóquio sobre o badalado assunto das agressões. Era um dia diferente, triste, seu tio falecera naquela madrugada, ao invés de ir á escola, iria para a casa do tio, que ficava do outro lado da cidade, pegaria duas conduções para chegar até lá. Pegou o primeiro e nem percebeu o tempo passar quando desceu na última parada, para esperar o próximo. Essa parada ficava a três quadras de seu colégio. Aguardava no ponto quando avistou dobrando a esquina seus três algozes, discretamente saiu caminhando, para tentar fugir de suas garras. Infelizmente o reconheceram, correram em sua direção e logo o alcançaram, a primeira coisa que fizeram ao segura-lo foi pegarem na parte de trás de sua calça e erguê-la até tirarem temporariamente seus pés do chão. Deram mais uns cascudos de boas vindas, uns puxões de cabelo e de orelha, esporadicamente acertavam um pontapé em seu traseiro. As ofensas vinham inerentes às pancadas. Naldinho se encolheu á um canto, perto de umas latas de lixo. Um dos agressores abriu o zíper e começou a urinar sobre sua cabeça enquanto os outros dois passavam mal de tanto rirem. Como já foi dito, esse era um dia diferente, além de triste, parecia também ser mágico, talvez não fosse nenhum nem outro para quem olhasse de fora, talvez fosse mesmo um dia normal, não se sabe, questão de pura perspectiva, mas para Naldinho era sim um dia diferente. O mijador não esperava, o mijado não esperava menos ainda, tudo ocorreu em frações de segundos, numa explosão de fúria Naldinho se levantou tão rápido quanto uma bala e atingiu em cheio com sua cabeça as partes do seu torturador. O jovem atingido caiu ao chão se retorcendo de dor, surpresos e ao mesmo tempo irados com a reação, os outros dois partiram para cima, encheram naldinho de socos e pontapés, e jogaram-no tonto dentro de uma das latas de lixo que estavam próximas. Ajudaram o comparsa a se recompor e saíram em disparada. Ficou ali dentro da lata de lixo não se sabe por quanto tempo, não estava mais tonto, talvez nem sentisse mais as dores pelo corpo, seu olhar estava vidrado no espaço vazio, muito introspectivo. Estava alheio aos olhares e comentários das pessoas que passavam e o viam naquela situação, estava alheio à tudo. Uma senhora idosa veio em seu auxílio.
- Menino de Deus, que fizeram com você? Coitadinho, eu vi tudo, aqueles monstros – a senhora estava bem de frente á ele, mas o jovem permaneceu em silêncio, o olhar perdido em qualquer direção no vazio. – Anda menino, acorda, saí daí, anda, eu te ajudo, vem.
A senhora puxava-lhe pelo braço com força, ele não respondia, ela insistiu e só aí ele despertou do transe.
- Hã?! Que? Há, é, vou sair sim, já tou saindo, brigado.
- Você ta bem menino? Eu vi, eles bateram muito em você não foi?
- Tou, tou sim – Respondeu tentando mostrar ânimo na voz. – Nem foi tanto assim, eu ia começar a tomar conta da situação quando eles correram.
- É verdade, eu vi eles correndo, você tava armado?
- Não, não, mas sei lutar bem – Uma mentirinha de nada é válida, quando esta vem para consolá-lo. – Escuta, por acaso sabe dizer se o ônibus da W3 NORTE já passou? Eu me distraí e não vi os ônibus que passavam.
- Há, sim, passou uns minutinhos antes deu vir aqui falar com você – A senhora dava umas palmadinhas em algumas partes da roupa de Naldinho, que estava sujo de poeira. – Mas, espere mais um pouco, que todo dia à essa hora passa um ônibus desses piratas que vai pra lá, e a passagem é a metade do preço.
- Metade? Sério?
-Sério, é um branco que está caindo aos pedaços, mas que agüenta chegar ao destino, pelo menos nunca ninguém reclamou. Olha lá ele vindo.
Um ônibus de um branco desbotado, realmente acabado, vinha se aproximando. Naldinho correu até o ponto e acenou e o ônibus parou. A porta se abriu, fez menção para entrar, voltou e procurou pela senhora para agradecer pela ajuda, mas ela não estava mais lá, foi embora antes. Subiu o primeiro degrau e estacou, aquele ônibus era muito estranho, um cheiro acre o deixou levemente tonto. Olhou para o motorista como que querendo mostrar sua estranheza. O motorista era um senhor idoso, barbudo, usava um óculos de aros redondos e lentes escuras, tinha um olhar terno, acalentador, exalava simpatia. Naldinho imaginou ele com um gorro e roupas vermelhas, seria um perfeito Papai Noel. O Motorista ficou olhando-o ali parado nos degraus de entrada e disse:
- Vamos, entre meu jovem. Ou por acaso pensa em ficar aí o dia inteiro?
- Foi mal, desculpa. Tou entrando.
Subiu os últimos dois degraus, a porta se fechou e o ônibus entrou em movimento. Desiquilibrou-se e segurou em uma barra para não cair. Olhou para o interior do veículo, teve uma enorme vontade de rir. Muito estranhos aqueles passageiros, como tudo o mais naquele ônibus. Estavam todos sentados da mesma forma, costas bem eretas, mãos nas coxas e olhar fixo para o piso. Era realmente algo cômico. Procurou por um lugar para se sentar, haviam três poltronas vazias, escolheu uma que ficava no fundo. Um senhor ocupava a poltrona do lado, que dava para a janela e, como todos os outros, estava sentado com as costas eretas, mãos nas coxas, olhar para baixo. Ao sentar-se, achou de boa educação ficar na mesma posição que todos os outros.
As quadras iam passando e o ônibus não parava para pegar passageiros. O cheiro ruim desaparecera, talvez tivesse habituado o seu olfato. Não estranhou quando o Veículo entrou em uma estrada vicinal, ele era pirata, devia ser uma forma de burlar a fiscalização. A estrada estava completamente deserta, ao longe se avistava os prédios e a fumaça da cidade. Um tremor forte balançou violentamente o ônibus, pensou que tivesse furado ou pneu, ou atropelado algum animal, quando tudo ficou escuro. Um homem que fumava á beira da estrada sob uma árvore, sentiu um forte tremor, viu um buraco enorme se abrir no chão e um ônibus entrar por ele.
- Minha Nossa Senhora! Dequinho não tava de brincadeira quando disse que essa era da boa.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O sedutor. Trecho 2/2.

Com a experiência prática e conhecimento teórico do comportamento humano adquiridos em anos, eu pude montar certos conceitos, programas de ação muito efetivos, ou melhor, infalíveis, a que mais me apetecia por sua eficiência é a receita de bolo da sedução: Pegue sua atitude, sua confiança e desenvoltura, salpique tensão sexual e jogue tudo no seu alvo, para finalizar, cubra com conforto. Tcharam! Depois é só saborear. Eu voltei, escutei-a e elucidei a questão da titica, dizendo que não era algo físico, que era algo simbólico, para minha decepção ela tinha mesmo titica na cabeça e não compreendeu minha metáfora, devia ser mesmo muito burra, felizmente sua bunda e o pacote externo em geral compensava o investimento. Salientei em alfinetadas brandas no decorrer de nosso colóquio, a sua deficiência intelectual . O objetivo era fazê-la, instintivamente, se valorizar para mim, buscar minha aprovação. Para força-la a focar mais nesse objetivo, dirigi toda minha atenção às outras duas garotas. Ambas eram morenas, o meu alvo contrastava em seu loiro exuberante. Com uma leve alfinetada dirigida à loira eu as conquistei:
- Ei! Vocês duas que tão aí caladinhas, com certeza estão recebendo algo para andar com ela, eu só andaria com alguém que tem titica na cabeça se eu estivesse recebendo por isso.
Elas riram como era de se esperar, gostaram da piada que desvalorizava a amiga. Com uma leitura fria feita bem superficialmente eu pude apurar informações mais que suficientes para atrair a simpatia delas e despertar a competição que estava latente naquele trio. O padrão era simples, eu me encontrava com um trio de adversárias sociais, amicíssimas e adversárias. As duas morenas invejavam a beleza e o excesso de cantadas que a loira recebia com mais frequência que elas. Elas estavam gostando da rotina estar sendo alterada, delas serem o centro das atenções e da loira está sendo rebaixada à antiga posição social delas. Mas ainda à espelhavam, a seguiam inconscientemente, quando a loira mexia nos cabelos, as outras duas repetiam movimento, por instinto, quando a loira movimentava um dos pés, elas naturalmente repetiam esse movimento, um movimento do braço, uma careta, cheguei a imaginar que a frequência de piscadelas deviam ser as mesmas. Sinais claros de muita confiança e ligação entre elas. Apesar da competição interna. À essa altura do meu jogo, as três brigavam pela minha atenção.
- Nossa! Você não existe, me diz seu nome, por favor?!
Até o momento eu não havia dito o meu nome, disse qual era, não precisei perguntar o delas, me falaram todas ao mesmo tempo, Ainda hoje quando me recordo desse episódio não consigo relacionar os nomes às pessoas. Para aumentar a confiança delas em mim, comecei também a espelha-las, repetia discretamente movimentos simples e naturais delas, especialmente do meu alvo. Batendo no chão, com um dos pés, eu acompanhava a frequência das batidas dos dedos que a loira dava em sua coxa. Direcionei a conversa para assuntos que me interessavam, que poderiam me ajudar. Falamos de objetivos futuros, de relações antigas, de festas inesquecíveis, de aventuras sexuais e até supostos fetiches e fantasias que nós poderíamos ter. Em momentos oportunos, enquanto uma ou outra contava uma estória da vida delas, dentro desses temas que eu falei, eu as tocava em pontos estratégicos. Em determinado ponto tocado eu poderia tocar novamente posteriormente e despertar pensamentos e sensações diversas. Como fazê-las pensar no futuro e eu estar ali nesse futuro com elas, ou despertar parte da euforia que elas sentiram no magnífico Carnaval baiano e sentirem a necessidade de compartilhar essa emoção comigo, ou até sensações e pensamentos sexuais perversos. O meu jogo estava no fim, eu poderia isolar e ficar com qualquer uma das três, tamanha a confiança e atração que estavam sentindo por mim. Mas não faria isso, talvez assustasse o Rui, faria o que foi combinado, elas pediriam meu contato. De forma inesperada eu me despedi, alegando que me atrasaria para um compromisso, elas ficaram desapontadas, não queriam que eu fosse embora.
- Lúcio! Peraí moh – Eu não cheguei a me afastar muito, era a loira quem me chamava, correu em minha direção e tirou um aparelho celular do bolso. - Me dá seu número, é que eu vou embora amanhã.
Fiquei extasiado intimamente, obtive sucesso total, e ainda recebi um convite para comê-la implícito no : “ É que eu vou embora amanhã”. Dei o meu número, um beijo no rosto e comecei a caminhar novamente para ir embora, dessa vez de verdade.
- Lúcio, calma aí, deixa eu tirar uma foto com você? Pra por no orkut!
Ela enlaçou meu pescoço, encostou seu rosto no meu, com o celular acima de nossas faces ela capturou nossa imagem, ainda comentei que cobraria uma taxa pela divulgação da minha foto. Comecei a me desvencilhar, imaginei que ela fosse tirar outra foto quando não abaixou o braço, para acompanhar meu movimento de separação, apertou com mais força, com as costas das mãos que segurava o celular, ela virou meu rosto e me beijou na boca, surpreso, não nego, eu correspondi. O beijo foi longo, quente, se não estivessemos em praça pública ela tentaria me violentar. O Rui deveria está arrancando os cabelos nesse momento. Após terminamos ela ainda comentou:
- Eu vou te ligar, sem falta! – Não respondi, meu pensamento estava longe, fui me encontrar com o Rui.

sábado, 19 de junho de 2010

O sedutor. Trecho 1/2.

- Você trouxe o gravador?
Perguntei ao rapaz que acabara de chegar de mocicleta. Seu nome, Rui, o Rui tivera somente uma namorada em 25 anos de uma vida infeliz, sem amor próprio, sem respeito próprio, uma vida sem sentido. O rapaz não sabia sequer o que era sexo, é capaz de ter levado mais chifres da primeira e única namorada do que a quantidade de vezes que pensou em apertar a bunda dela. Não era feio, teria tido sucesso com as mulheres se tivesse agido de forma diferente durante sua vida, talvez se não fosse tão inseguro.
- Trouxe sim – Ele me respondeu quase gaguejando, hesitante, me olhava e eu sentia que em sua imaginação ele me via como a própria personificação de Dionísio, senhor dos bacanais na mitologia grega, esse Dionísio era dos meus. – Mas... mas, não entendo ainda pra que você quer um gravador.
- Você vai entender irmão, tenha calma - Olhava-o e sentia que visualizava uma foto mal tirada, toda tremida, reflexo de seu nervosismo talvez. – Vê aquelas garotas ali naquele banco? Olha disfarçadamente, não aponta o dedo seu individúo, são as que estão debaixo da árvore.
- Vi, vi sim... não, quer dizer, tou vendo, aquelas três no banco verde não é?
Rui me procurara há quase dois meses, me abordou enquanto eu vegetava no gramado da praça, ele provavelmente escolheu me abordar quando a praça estivesse deserta, erámos só nós dois, conhecendo-o melhor, eu pude calcular o quanto épico foi a sua tentativa de abordagem. Ele estava nervoso, pensei logo que seria assaltado, olhos fundos e com olheiras, muito magro, abatido, deduzi de antemão que fosse um viciado em crack. Me enganei, não fui assaltado e ele não era viciado em crack, era só um acabado emocionalmente. Me chamou pelo nome em um tom receoso: “ Lúcio...” Olhei-o surpreso, disse que tinha uma proposta para me fazer, fiquei curioso. Convidei-o a irmos em uma lanchonete próxima, estimulei-o a se abrir, acho que estimulei demais, foram mais de três horas de lamentações, escutei com real interesse. Soube o quanto a vida dele era uma desgraça, soube que ainda amava a namorada que engravidara de outro enquanto ainda namoravam. Ele falou sobre tudo que podia ser falado, mas nada sobre a proposta. Foi preciso mais 1h para confortá-lo, e assim ele falou: “ Eu quero que me torne pelo menos a metade do homem que você é”. Me explicou que vinha me observando há algum tempo, disse que venerava o meu estilo de vida, observou que eu interagia todos os dias com alguma garota diferente, tava sempre acompanhado, Disse que eu devia seguir algum padrão pré definido, e que era nesse padrão que ele queria ser treinado. Deduziu isso após presenciar diversas abordagens que fiz com mulheres que eu não conhecia, nas ruas, e como sempre me via ficando e provavelmente indo para cama com elas após no máximo dois dias. Fiquei desconfiado, e sinceramente amendrontado, Rui havia me seguido, observado e analisado minhas atitudes, sabia de cada passo meu, ele devia ser algum tipo de psicopata, mas não, psicopata nenhum fica acabado emocionalmente, isso me aliviou. Ele era só um desesperado, me condoí com todo o seu relato e aceitei o encargo.
- Então irmão, você já dominou o básico de toda teoria necessária para partir para a prática.
- Hoje? Com aquelas garotas? – O medo era evidente em seu rosto, em sua voz, já estava afeiçoado ao Rui, e isso me deixava profundamente triste.
- Sim, hoje! Mas quem vai nelas sou eu, você vai depois em outras, tenha calma, já disse, não se abale e segura a merda dessa ansiedade – Falei com firmeza, queria que ele se preparasse para a parte mais dura de sua formação. – Use algumas daquelas técnicas de PNL para relaxar.
- Tá, tá bom.
- Vou lhe dizer agora para que o gravador – Olhava-o nos olhos, sentia sua ansiedade como a exalar pelos poros, se eu pudesse transferir coragem somente olhando nos olhos dele seria ótimo, puta merda! Ando viajando muito, os personagens da Queda de Atlântida de Marion Zimmer afetaram a minha lucidez. – Aquelas garotas, não as conheço, vou abordá-las, e fazer com que elas peguem o meu contato, elas vão me pedir por isso. Vou levar o gravador comigo, ligarei e agirei. Você ficará naquele banco com essa câmera e filmará toda a ação, entendeu o que eu te falei? O por que de tudo isso?
- Não sei, acho que tou, não se importe com a minha burrice, mas repete para eu entender melhor – O rui tinha disso, ele não era burro coisa nenhuma, mas gostava de fazer eu repetir as coisas, talvez para ter certeza do que escutou, ou esperando que eu fosse mais específico.
- É simples Rui, Com a câmera você filmará tudo o que eu fizer, com o gravador eu gravarei tudo o que eu falar, depois sentaremos e discutiremos tudo o que foi filmado e gravado, depois eu escolherei um grupo qualquer para você abrir e conseguir algum contato, não vai ser preciso deixar que elas peçam, você pode pedir, e depois iremos nós dois juntos, ora eu vou te apoiar, ora você vai me apoiar.
- Tem algo que não tou entendendo...
- Hã?! Já ta forçando, não posso ser mais claro que isso.
- Não, desculpa, eu não tinha entendido ainda, agora entendi.
- Entendeu? Entendeu mesmo? Vou tentar ser mais claro. Com o áudio você poderá analisar qual tom de voz eu usarei, o que eu usei para abordar, a reação delas, a respostas delas, enfim, toda o desenrolar do jogo. Com o vídeo você poderá analisar minha linguagem corporal e a delas, postura, expressão facial, gesticulação das mãos, movimentos leves com a cabeça e com o corpo. Cada reação delas será um sinal que indicará qual o próximo passo, veremos isso mais tarde, agora vou lá que elas podem ir embora.
Rui me pagava bem, no começo eu cobrava mesmo, me aproveitava da situação, depois, com o passar das semanas e com o aumento de nossa intimidade, eu não cobrei mais, ensinava por prazer. Mas mesmo assim, sempre que tirava um extrato o dinheiro tava lá na minha conta. Pedi para ele parar de fazer isso, Rui replicou: “ Não, não. Te pagando o teu estímulo para me treinar será maior, e o meu de aprender maior ainda, por que eu não tou doido a ponto de jogar dinheiro fora”. Não fiz objeção, o argumento era irrefutável, e mostrava que ele estava mesmo aprendendo, estimular pontos essenciais deixam o alvo da sedução mais vulnerável. Nos encontramos muito nessas últimas 8 semanas, passei tudo o que podia e que era de fácil compreensão na teoria, para iniciar a parte prática, com o tempo ele se aprofundaria mais nos mistérios das artes venusianas. Eu iria abordar e criar atração suficiente para elas pedirem o meu contato. Fiquei indeciso por uns instantes sobre qual forma agir, podia agir de forma direta, mas isso não seria bom ao Rui, é mais complicado, exige mais controle emocional, podia agir de forma indireta, isso era confuso, a tempos que não usava um estilo determinado, a forma natural, ou jogo natural me dominou, e optei por agir assim, depois eu explicaria tudo o que eu fiz passo a passo a ele. A abordagem não é algo complicado quando não se tem vergonha na cara, isso adianta um bom pedaço para a sedução. Olhei ao redor da praça, ao meu redor, ao redor das garotas, procurava uma frase de abertura situacional, nada padronizado, seria natural. Como um relâmpago uma idéia me acometeu, elas estavam sob uma árvore grande, lá no alto da copa dessa árvore muitos passáros cantavam. Passei lentamente por elas, sou atraente, bem apanhado, elas me notaram, mantive contato visual para criar uma tensão nelas, depois eu confortaria com o correr do jogo. Foquei na mais bonita delas, frisei a testa como que estranhando algo, me detive alguns metros após os banco e voltei.
- Ou guria, não te conheço não, mas como sou um cara solidário vou te livrar de pagar um mico dos bons, é que tem titica de passarinho na sua cabeça, vai ficar uma meleca só se não limpar.
Sorri amigavelmente para as outras duas, me despedi com um aceno e sai. Sabia que ela mexeria nos cabelos á procura da titica, pediria ajuda ás amigas, constataria que não tinha nada, ficaria irritada, confusa, interessada em saber por que disse aquilo, muitos sentimentos conflitantes. Bingo!
- Ei! Ei, você moço, peraí – Ela estava em pé acenando feito louca com os braços e me chamando. Voltei atrás, a abertura provocou a reação que eu queria, ela que buscou pelo contato, a atração está em sua fase inicial e partiu dela como eu queria.
Posto a outra parte nos próximos dias...

domingo, 6 de junho de 2010

Thaís na universidade

Um homem de pele clara, trajando uma bermuda escura, mirava o horizonte em pé sobre uns rochedos á beira-mar, tocava uma melodia qualquer em uma gaita de boca. O mar estava calmo, uma brisa leve soprava, o sol no poente tornava a superfície da águas em um alaranjado radiante, como se milhares de peixes dourados estivessem nadando e brincando alegremente. Qualquer cristão acreditaria, se lhe afirmassem isso, que ali era o paraíso. Thaís caminhava nas areias da praia em direção aos rochedos, um som qualquer a atraía sobrenaturalmente naquela direção, ela estava muito longe, quanto mais avançava, mais distantes os rochedos ficavam. Ela prosseguia com determinação, o receio do que encontraria ali, lhe despertava um frio incômodo no estômago. Ela avançava e se distanciava, forçou os passos, o suor que escorria pela sua testa fazia seus cabelos ficarem pregados ao rosto, não adiantava, ela se distanciava mais e mais, iniciou uma leve corrida, sentia-se ofegante, fadigada, o corpo todo pedia para parar, o desespero tomava conta de seu espírito, a distância fazia-a avistar os rochedos como um ponto minúsculo ao longe, o som que lhe atraía estava sumindo... TÁ! TÁ! TÁ!
Assustada, respiração descompassada e muito suada Thaís se senta na cama. Há meses que o mesmo pesadelo a atormenta, terminando sempre com o som de três estouros. A terapia a que vem se submetendo não surte efeito, o sonho repetitivo sempre a remetia ao dia que presenciou um assalto e um brutal assassinado em uma agência dos correios.
“Preciso superar isso, preciso...”. Pensava com angústia. “As aulas começam em duas semanas, você precisa superar isso garota, sei que você vai superar. Você vai superar...”. E se entrega a um choro profuso, carregado de emoções contraditórias.

A universidade era enorme, podia ser bem maior que muitas pequenas cidades, possuía vários prédios espalhados num enorme território fertilizado de saber, corredores que somados poderiam ser usados para sediar uma corrida de maratona. O movimento intenso de estudantes, calouros e veteranos ampliava a percepção da dimensão do lugar. Thaís estava deslumbrada, nunca vira algo tão colossal, o colégio federal aonde estudava no interior era grande, era... Observava cada detalhe, tudo que era mini ou macro, tudo era sensacional aos seus olhos, as árvores, os bancos, as janelas, o corredores, uma flor solitária e o gramado aonde residia, as pessoas, as expressões, os traços peculiares, narizes grandes e pequenos, bocas de lábios finos ou lábios grossos, negros ou brancos, cabeludos e carecas, louros, ruivos, black power, cada mínimo detalhe era uma mega descoberta. Não que ela nunca tivesse visto pessoas ou coisas assim, mas a sensação da sua nova fase de vida deixava-a sensível á tudo. Parada ali no meio de um pátio qualquer ela podia facilmente distinguir os calouros dos veteranos, os calouros, como ela, estavam em sua maioria extasiados com tudo aquilo, os veteranos olhavam a tudo com indiferença, ou nem olhavam.
“Primeiro dia de aula. O que será que vamos aprender hoje? Será que a aula é interessante? E a sala? Como será ela, pequena ou grande? E os professores? Serão legais ou muito austeros? E os colegas de turma, como devem ser?”. Dúvidas, apreensão, ansiedade. Perguntas como essas, e outras sem nexo algum eram formadas na mente de Thaís. Passar no vestibular, no curso de direito de uma das universidades mais disputadas no Brasil não foi fácil, estudou muito, se manteve reclusa do mundo, se envolveu em um invólucro, ficou alheia ás festas, às paqueras, aos convites das amigas para saírem. O esforço não ia parar por aí, se dedicaria igualmente aos estudos na universidade, nada de distração, paqueras, baladas.
- Porra guria! Não olha por onde anda não caralho?! – A violência na reclamação de um rapaz despertou Thaís de seus devaneios. Ela esbarrou em dois jovens, um deles tinha em mãos um copo com alguma bebida, o choque do encontro o fez involuntariamente derramar parte da bebida sobre suas vestes.
- Me desculpa, sério mesmo, eu não tinha visto vocês – escusou-se Thaís tentando limpar com seu casaco a camisa suja do rapaz.
- Não, não me toca guria! Desculpa é o caralho, como não viu a gente? Você é cega? – Gritou o rapaz com mais violência ainda. – Toma o resto.
O rapaz jogou o que sobrou da bebida no rosto de Thaís, a discussão já tinha atraído a atenção de todos que passavam, o ato do rapaz fez aumentar o burburinho que já havia.
- Esses calouros são foda! – Disse o outro rapaz olhando com desprezo para Thaís. – Vamos embora, antes que apareça alguém.
Saíram com pose de altas autoridades no meio das pessoas que estavam assistindo á discussão, todos se afastavam abrindo caminho. Estes olhavam Thaís penalizados.
“Podia esperar de tudo, tudo! Menos isso. Nunca fui tão humilhada. Que ódio! Que ódio! Ódio daqueles escrotos, ódio dessas pessoas que estão me olhando, como elas vêem isso e não fazem nada, não se manifestam, será que eram tão burros ou insensíveis que não conseguiram ler a ofensa nas entrelinhas? "vamos embora antes que alguém apareça”. Bando de filhos da puta, não perceberam que foram ofendidos também? Podiam ter tomado as dores, dizer que eles eram alguém sim. Bando de cornos, viados, vagabundas, quero que todos vão á merda, á merda!” O desabafo íntimo não aliviou a tensão de Thaís, ela saiu correndo olhando para o chão, precisava encontrar um banheiro para chorar á vontade.

Estava anoitecendo, se aproximando das sete horas da noite. A hora do “ rush” noturno naquela capital. Muitos ônibus, carros, motos, pedestres e ciclitas, mistura de sons insuportável. Aquilo tudo atordoava Thaís, ela procurava pelo ponto de ônibus aonde descera pela manhã cedo. Não conseguia encontra-lo, o estresse lhe injetou uma forte dor de cabeça, tudo o que queria era ir para casa, tomar um banho, deitar e dormir, de preferência dormir para nunca mais acordar. Muitos carros estavam estacionados no acostamento, viu um homem parado à porta de um desses carros conversando com outro que estava ao volante, e foi direto a ele para perguntar aonde era o ponto mais próximo.
- Olá, boa noite! O senhor po... – Um choque de surpresa acometeu Thaís, o homem era o mesmo que lhe jogou uma bebida no rosto na universidade. – Desculpa, eu me enganei – Saiu sem olhar para trás desejando se jogar na frente de um daqueles ônibus.
Não caminhou muito, o ponto estava a 50m de onde ela parou para pedir informação, se amaldiçoou muito mais depois de perceber isso.
Do ponto, ela pode ver o rapaz dando a volta no carro e entrando pela porta direita, que ficava para o lado da via. Viu também uma moto amarela que se aproximava lentamente do carro vindo na contramão. Os rapazes não notaram a aproximação, não notaram o piloto sacando uma arma, é provável que nem tivessem notado quando que foram mortos. O piloto sacou a arma e disparou várias vezes contra os dois rapazes dentro do carro. Com muita tranqüilidade o piloto ainda olha para dentro do carro para se certificar que não havia nenhum movimento vital, põe a arma na cintura, engata a primeira e sai lentamente do local ainda na contramão. As pessoas que estavam no ponto de ônibus correram, algumas ainda ficaram e se jogaram no chão, tomados de assombro. A tranqüilidade com que o piloto andava na via pela contramão deixaram os circunstantes mais assustados, a impressão que dava é que ele iria alvejar os que ficaram deitados. Ele nada fez, olhou para Thaís, acenou com uma das mãos, acelerou e sumiu no meio dos carros.

domingo, 30 de maio de 2010

Ela fez com violência, ué!

-Vamos embora "véi"- Fagner impacientemente apressava seu amigo, que estava de frente ao espelho ajeitantado os cabelos. - Parece mulher pra se arrumar, nunca vi viu!
- Larga de indaga, ué! Tou terminando já - Elias não parecia estar com a mesma pressa que Fagner, por que ele penteava os cabelos, desarrumava em seguida para pentear novamente, mexia aqui e acolá, procurando dar aos cabelos arrepiados de gel a forma que lhe convinha, há vinte minutos que ele se dedicava à essa tarefa.
- Já tamo atrasado " véi"- Insistiu Fagner sem disfarçar a irritação. - As meninas já devem ta lá esperando a gente, a Paulinha vai ta lá seu broco!
- Quem liga! Deixem elas esperarem - Elias respondeu com indiferença ao alerta do amigo. - E se elas acharem ruim a gente arruma outras.
Fagner e Elias, Carne e unha, Água e óleo. São a representação humana mais perfeita que há do Yin-Yang. São inseparáveis, raros foram os dias que não se viram desde que se conheceram anos atrás. Fagner Tem 19 anos, é alto, magro, pele morena, cabelos longos, semblante agradável, muito calmo, um rapaz responsável e frequentador assíduo de uma igreja evangélica. Elias tem 20 anos, pouco mais baixo que Fagner, magro, pele clara, rosto bem desenhado e com um imutável ar de safadeza, agitado, irresponsável, frequentador assíduo de bares e cabarés. Fagner tenta fazer Elias andar linha, seguindo os preceitos de Cristo, Elias tenta Fazer Fagner curtir as coisas boas da vida, deixar de ser careta. O pensador mais privilegiado da natureza não conseguiria entender o porquê que seres tão distintos são tão amigos.
-Eu não quero outra, quero minha namorada! - A indignação dominava o peito de Fagner.
-Nossa! Você nem Beijou essa menina ainda, isso em dois meses de namoro. Sem contar o tempo que passaram rezando para saber se iam namorar ou não, logo, segundo a premissa de que uma relação só está de pé mesmo após umas duas ou três fodas, talvez quatro, você não estaria cometendo adultério e com isso não estaria pecando.
- Quem foi que criou tremenda merda de premissa? Você? Não vamos começar com isso, de jeito nenhum, sei que isso vai longe. Termina logo esse cabelo aí.
- Onde já se viu, casar virgem. Aposto minha coleção da PlayBoy que na primeira gozada sua mulher engrávida de quintúplos!
- Não fala mais besteira, meu ouvido não é penico.
- Puta merda! Você é meu amigo, não posso me calar diante de tamanha tortura. Eu sou um livro aberto Fá, quero que seja comigo do mesmo jeito, me fale, por favor, não me esconda isso, você nunca, mas nunca mesmo descabelou o palhaço? Uma vez só que seja?
- Não, não, não, não, não! Escuto mais nada. Tchau, Fui!
Elias se deleitava com a difícil tarefa de fazer Fagner sair do sério, rindo para o espelho ele continua sua produção estética. Não se abala com a saída do amigo, pois sabe que ele estará esperando por ele na porta do lado de fora. Com uma cara que popularmente é conhecida como " cara de bunda", Fagner murmura:
- Vamos.
Elias nada Responde, rir-se por dentro para poupar o amigo de mais palhaçadas suas. A festa a que vão, é a comemoração do aniversário da cidade, realizada em um espaço aberto no centro histórico. cantores locais irão se apresentar no palco, após o término das apresentações das bandas locais uma banda de renome nacional findará a festa. O local já está apinhado de pessoas, o que deixa Fagner irado, pois não será fácil encontrar sua namorada, e a infeliz amiga que fica vez ou outra com Elias no meio de tanta gente.
- Olha aí a merda que você fez, não vamos achar elas aqui no meio disso tudo nunca!
- Calma aí amigo - Com bastante calma Elias olha ao redor e prossegue. - Sua mina ta com a Paulinha não é?
- É sim.
- Então relaxe e observe, você terá o privilégio de conhecer mais um dos meus inúmeros talentos.
- Nossa! já vem mais merda aí.
- Acredite em mim Fá, posso sentir o cheiro de uma cachorra humana no cio a quilômetros de distância - Ao mesmo tempo que revelava a admirável habilidade Elias a põe em prática, começa a farejar o ar como um verdadeiro cão á procura de uma fêmea que esteja predisposta à ajudá-lo na perpetuação de sua espécie. - Estou sentindo no ar algo que me deixa muito confuso Fá, Tem várias cachorras no cio por aqui, vai ser difícil viu.
- Ou " véi", para, na boa, não aguento mais isso.
- Espera aí, prometo que não vou decepcioná-lo, estou sentindo algo diferente, esse cheiro de cachorra eu já senti! - Elias da seguimento á sua árdua busca pela cachorra no cio, segura no braço de Fagner e o puxa para uma direção qualquer. - Me segue, anda, me segue.
Elias vai levando Fagner por entre as pessoas, ainda farejando entra em um beco que os levava para outro beco que cortava transversalmente o beco que entraram inicialmente, chegam a uma praça, entram em uma movimentada rua que os leva de volta ao local de onde haviam saído minutos antes. Elias para abruptamente, faz um sinal com um dos braços e brada:
- Ali! ali está a cachorra.
A poucos metros deles estavam duas garotas que os observavam ansiosas. as duas eram bem parecidas, poderiam até ser irmãs. Tinham a pele clara, rostos e corpos bonitos, muito pouco as diferenciavam, uns traços quaisquer no rosto e os cabelos de uma delas que eram longos demais, que passava alguns centímentos da bunda. Elias é acometido de um ar sério que em ponto algum se adaptava bem a ele, avança na direção das duas garotas, Fagner o segue vindo logo atrás. O invejável farejador de cachorras começa novamente a farejar, agora com nariz bem próximo de uma das garotas, justamente a de cabelos longos.
- Ei! - Gritou Fagner. - O que você ta fazendo, ficou doido?
- Calma, tava só verificando se não cometi algum erro de cálculo - Explicou sarcasticamente Elias.
Após os cumprimentos formais, ois, boas noite, beijinhos no rosto paira um silêncio anormal entre os quatro, Claro, Elias é o primeiro a cortar o silêncio:
-Ei Paulinha, Vamos deixar os dois sozinhos, talvez sozinhos eles tenham coragem de experimentar que gosto a língua que cada um deles tem!
- É verdade, é verdade, vamos - Paulinha corroborou a idéia de Elias dando uma cutuvelada leve nas costelas da namorada do Fagner. - Laine, fica por aqui, se não a gente se perde de vocês.
- Ei Elias...
- Não, não fala nada Fá - Elias cortou-o tapando-lhe a boca e lhe segredando algo em seu ouvido. - Olha irmão, aproveita, mete a língua, se você não sabe beijar de língua me fala logo que a gente vai ali e eu te ensino, não vai ficar com raiva, é que vindo de você eu não dúvido de nada.
- Argh! ta doido, vai logo embora " véi".
Sem falarem mais palavras Paulinha e Elias saem, caminham por entre os prédios do centro histórico, procuravam por um lugar aonde pudessem ficar mais à vontade. tarefa complicada essa em dia de festa. Mas não para Elias que conhecia cada ruela daquela cidade.
- Aonde eu for você vai?
- Vou.
- Vamos descer pro rio, lá é bom.
- Pro rio? por que pro rio?
- Você não disse que ia aonde eu fosse? então vem sem reclamar, ué!
- Eu disse, só quero saber por que lá.
- Por que lá é bom, ninguém vai lá uma hora dessas, e é aqui pertinho da festa, qualquer coisa a gente volta.
- Ta bom, você trouxe camisinha?
- Não me faça perguntas idiotas!
- Você ta muito grosseiro, não era assim quando me conheceu.
- Desculpa, só que não gosto de ouvir perguntas idiotas. Eu trouxe sim, essa é boa, tem gel retardante nela.
- Eu não conheço essas coisas.
- Não precisa da uma de santa pra cima de mim Paulinha.
Seguiram nessa animada conversa enquanto Elias guiava o caminho. Adentraram um pequeno bairro ribeirinho, com algumas poucas casas á beira do rio, para a decepção de Elias lá estava cheio de homens e algumas mulheres fumando maconha. Voltaram pelo mesmo caminho, logo depois do bairro ribeirinho se formava uma pequena formação florestal, um mini-bosque. Elias segurou mais forte na mão da Paulinha e foram mato adentro.
- Eu não acredito que eu me rebaixo a tanto por um pra nada como você.
- Se quiser ir embora você já sabe o caminho.
- Desculpa, te ofendi amor?
- Você fala demais.
Elias a enlaçou pela cintura e lhe deu um voluptuoso beijo, Paulinha não vacilou em corresponder. O beijo era quente, a pegada era quente, mãos subiam, desciam, pescoços eram marcados por prazerosos chupões. Elias percorria cada trilha daquele corpo, lhe tirou a camisa para sentir-lhe o calor, o Sutien atrapalhava, retirou-o também, com muito prazer começou a beijar-lhes os seios, o que fazia Paulinha suspirar em inefável prazer. Paulinha não se fez de rogada e lhe tirou a camisa também, queria retribuir em dodro cada unidade de prazer que sentia. Ele achou os botões e zíper da calça dela, desabotoou, desceu o zíper, ela ajudou a descer o jeans até os joelhos. As mãos dela encontram seu membro rijo encarcerado na cueca, a pedir por mais carícias, ela se ajoelha, desabotoa a calça, desce o zíper do jeans deles, e com muito gosto abocanha-lhe.
- Nossa! por isso que eu te amo paulinha - Elias falou enquanto seu corpo vez ou outra se contraia pelo prazer que sentia.
- Cala essa boca - Paulinha pediu tirando temporariamente o Pênis da boca, e sugando em seguida após dizer o que precisava.
- Vai, vai, assim amor!
- Já disse pra calar a boca, senão eu paro e não faço mais nada.
- Ta bom, parei, vai continua, tou quase lá.
Paulinha prossegue na prática do sexo oral que parecia lhe dar igual prazer ao que Elias sentia. Os espamos foram ficando mais fortes, Elias segurava a cabeça de paulinha enquanto ajudava-a a executar o movimento cíclico de vai-e-vem. No ápice do prazer ele descarrega todo o seu conteúdo que gera a vida na garganta de Paulinha, que parece não se importar e prossegue a sugar-lhe.
- Ai! Senti um fisgadinha - ele exclama enquanto rir sem saber de que.
Paulinha engasga e começa a cuspir com força para todo o lado, não foi por ele ter gozado em sua boca, ela teria feito isso alguns segundos antes.
- É sangue, isso é sangue! - Gritou paulinha limpando a boca e mostrando a mão suja na direção da luz da lua.
- Meu Deus! sangue! o que você fez sua puta?! - Elias entrou em um tal estado de desespero que deixaria qualquer um chocado.
- Eu não fiz nada, por favor eu não fiz nada! - Choramingou Paulinha igualmente desesperada.
Elias corre por dentro da mata à procura da rua, na luz do poste ele pode ver sua cueca ensopada de sangue, horrorizado ele grita por socorro e corre em direção á festa segurando as calças. Paulinha está em seu encalço, parando a uma certa distância do movimento da festa ele se da conta de sua ridícula situação, entrar ali acabaria com a sua reputação, teria que ir embora da cidade, do estado, do país, talvez tivesse que ir pra Marte.
- Corre paulinha, chama o Fá, corre!
Paulinha não hesita, corre à toda e encontra Fagner e Laine exatamente aonde os deixaram, provavelmente trocaram alguns beijinhos nos rosto. Permuta menos nociva que á que Elias e Paulinha fizeram. Ela não explica o que houve de fato, só diz que houve um acidente e que Elias quer ve-lo agora. Fagner encontra Elias que chorando explica o que houve em poucas palavras:
- Fá, reza por mim, aquela puta me mutilou para sempre.
- O que ela fez?
- Olha minha cueca - mostrou abaixando as calças.
- Laine, Paulinha, procurem por um Táxi agora! Eu vou ficar com ele aqui até o Táxi chegar - Fagner ordenou com firmeza enquanto abraçava seu amigo que chorava profusamente. - Calma amigo, calma, vamos pro hospital já, já.
O Táxi não demorou a chegar, as duas meninas já estavam acomodadas, visivelmente assustadas e constrangidas. O carro arrancou, diante de tal emergência a policia entenderia o excesso de velocidade. Elias choramingava, Fagner estava calado, as duas meninas cochichavam entre si, o taxista não se aguentava de rir ao saber da natureza da emergência.
O Hospital regional estava lotado, no corredor da emergência muitas pessoas estavam sentadas em macas, no bancos, tomando soro ou só dormindo. O dia era de festa na cidade, tamanho movimento era natural. O Táxi parou diante da porta de entrada da emergência, duas enfermeiras vieram correndo e perguntaram qual era a emergência. Elias, com cara muito triste aponta para baixo.
- É aqui.
- Aqui aonde?
Elias deixa as calças cairem, as enfermeiras vêm a cueca ensopada de sangue, chama-o para acompanha-las. Levam-o à uma sala de sutura. As pessoas no corredor o olham curiosas por saber que emergência seria a dele. Na sala de sutura as duas enfermeiras pedem para ele sentar-se, que o médico já viria. O que se passou em seguida foi com certeza a experiência mais traumática que uma pessoa poderia passar. O médico analisa a situação, chama duas enfermeiras e pedem para elas abaixarem a cueca dele, Uma seringa de anestesia é preenchida com um olhar penalizado do Médico para o ferido, como quem diz: " Isso vai doer meu filho, vai doer muito". A agulha é enfiada exatamente na parte superior da glande, a dor que ele sentia vinha alternada, ela crescia após passar por cada camada do musculo esponjoso. os gritos de dor de Elias se misturaram às gargalhadas que ecoaram pelo corredor de Emergência, em pouco tempo o incidente particular de Elias era do conhecimento de todos funcionários e pacientes do grande Hospital regional. Foi uma suturação muito complicada, o paciente não ajudava, se contraia com frequência ao ver o médico levantando à agulha curva aonde estava a linha de sutura. Terminado todo o processo, as enfermeiras limparam os restante de sangue que sobrou sobre a virilha, que não era preciso ser limpo para a sutura, nesse momento devaneios perversos pairaram sobre a mente de Elias, ele se imaginou comendo aquelas duas enfermeiras que com tanto apreço cuidavam de seu Pênis. A saída foi mais penosa que a entrada, todos o olhavam e riam, riam muito e com gosto.
" O que eu posso fazer se ela fez com violência, ué!" Pensou consigo mesmo ao sair sem olhar para ninguém, o que ele mais queria era ir pra bem longe dali.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Nostalgia

" Aquela cidade, a minha cidade, tinha um algo a mais. Não vou saber lhe dizer o que é, mas sei que tem. Os grandes centros comerciais, industrais, as grandes capitais, regiões metropolitanas, nada disso me atraia. Elas não tinham aquele algo a mais que só a minha cidade tem. Talvez seja o rio que corta a cidade ao meio, você precisa ver, ele corta a cidade ao meio, serpentea por entre os vales, viaja por um bom pedaço de semi-árido, e desagua no Velho Chico, rio aventureiro esse, o da minha cidade. Pode ser também a tranquilidade que só as cidades interioranas possuem, mas a tranquilidade da minha cidade é muito mais agradável, num é aquela tranquilidade que se resume em monotonia, lá não, lá tem energia e ao mesmo tempo é tranquila. Acho que também podem ser as praças, sabe, você quer ver alguma cara conhecida, vá às praças, a impressão que dava é que eu conhecia, pelo menos de vista, toda a população da minha cidade. Não, não, achei enfim o algo a mais. São as mulheres, ô as mulheres. Lugar estranho minha cidade, já viajei por tudo que é canto meu amigo, e nunca vi lugar para ter as mulheres mais lindas que as da minha cidade. Claro, lá também tem mulheres feias, mas a poucas que tinham eu tenho que admitir, eram metralhadas como canta um pagode aí. São de bater recordes de bilheteria se atuassem em algum filme de terror, sem querer ofende-las, pois toda mulher tem seu valor, por mais feia que seja. Eu preciso te falar das mulheres, uma em especial que conheci lá, mas antes vamos falar das mulheres em geral."
" Senhor, ta bom assim?"
" Ta, ta sim. por favor, não me interrompa enquanto eu falo."
" Ta bom senhor."
" Primeiro amor, primeiro beijo, primeira foda, primeiro chifre tomado e dado também, enfim, primeiro tudo. Escuta a experiência te falando meu rapaz, aprendemos muitas coisas interessantes com as mulheres, a começar pelos nossos " primeiro tudo". Eu assimilo bem o aprendizado de qualquer coisa que eu me proponha a aprender, por isso me ferrei tanto. Nesse círculo de relação: HOMEM x MULHER, não saber de nada vem a ser uma grande virtude. "
" E aquela em especial que o senhor falou?"
" Você é foda viu moleque, eu vou chegar lá, não me interrompa de novo."
" Foi mal."
"Foi péssimo. Mas bora lá, me lembro que já a conhecia, de vista, não se esqueça das praças aonde vemos todo mundo da cidade. Vez ou outra a via zanzando por lá com algumas amigas. Essa opnião é unânime entre todos o brasileiros, a primeira coisa que olhamos em uma mulher é bunda, ela serve de refêrencia para sabermos se vale apena ou não uma abordagem. Esse ponto, o da abordagem, é discutível, mas não vou falar disso. Vamos chama-la de minha garota, para facilitar a nossa comunicação."
" Senhor, eu..."
" Nossa senhora! Parece que não sabe ouvir, já disse, não me interrompa."
" Ta bom."
" Voltando, quase perco o fio da meada. A minha garota tinha passado em tudo, em todos os quesitos que o meu padrão de avaliação exigia, tudo que fosse físico, visível, paupável. Bela, grande, arredondada e levemente empinada, essa era sua bunda, não preciso falar que maravilha era aquela de se ver. Belas pernas, coxas grossas, bem torneadas e chamativas, dava vontade de chegar até lá e morde-la. Possuia uma comissão de frente invejável, digna de levar o carnaval carioca. a pele era clara, ela ficava meio avermelhada quando exposta ao sol. Os lábios eram carnudos, lindos. Fiquei imaginando ela me chupando, devia ser muito gostoso."
" Tou ficando de pau duro senhor..."
" Porra! não interrompa. E respeita minha garota caralho!"
" Desculpa."
" Porra de desculpa. Continuando, ela era perfeita fisicamente,agora eu precisava conhece-la, saber como era a mente dela. Você não sabe moleque, mas essas putas gostosas que tem por aí só sabem foder e mais nada, não adianta conversar com elas, você só vai ouvir merda. Ou amigo, desce mais uma aqui."
" Bem gelada."
" Porra, eu já não disse para não me interromper? E você é menor, não pode beber."
"Desculpa, mas eu..."
" Mas eu nada, cala a boca, me escuta!"
" ta bom."
" Bem, a minha garota apareceu um dia no colégio aonde eu estudava. Eu a vi de longe no pátio, conversava com um comédia amigo dela, mas que era amigo meu também. Sabe, aquela escola era a minha área, eu era muito popular, inconscientemente eu sentia que isso pesaria como saldo positivo para eu. Me senti confiante, estimulado, aquele dia eu iria conhece-la. Devo enfatizar que as lembranças de seus atributos físicos e meus devaneios acerca de uma foda bem dada com ela, me estimularam muito mais. Nunca fui um cara que acreditou no amor real, após aquele dia meus conceitos foram revistos. Veja você, eu a abordei, a conheci, e pude constatar, ela era mesmo perfeita. Seu corpo me enchia de tesão, sua mente era uma coisa boa de se penetrar, não tanto quanto a ela, óbvio. Passamos horas conversando e nem notamos o tempo passar. Eu pensava que ela era uma tarada selvagem, o que a tornava mais perfeita ainda. Ela era um brilhante em meio as pedras brutas, isso era fato. Eu a conheci mais do que o necessário aquele dia, conversarmos demais, nunca conversei tanto com uma mulher que eu ia comer. Conversamos tanto que anoiteceu e só fomos nos dar conta disso quando começou a chover. Puta merda! Esqueci de dar bote nela, fiquei nessa de conversa vai, conversa vem, perdi o meu foco. Fomos embora, mas fui com ela até um certo ponto. Eu podia ter dado o bote nela enquanto a acompanhava, mas havia perdido a coragem depois de tanta conversa, nos despedimos..."
" Ta terminando? É que eu já terminei aqui."
" Puta que pariu! Tu foi feito nas coxas foi moleque? Não me interrompa caralho!"
" Hi, já vi que não ta terminando, desculpa de novo."
" Prosseguindo. Foi o momento mais romântico de minha vida até hoje, e olha que eu não sou dessas coisas, poderia virar um livro nossa história. Nós nos despedimos, ela já havia virado as costas para seguir o caminho dela, aquilo doeu. Eu teria me matado se não tivesse feito nada, pensei que seria um merda, frouxo e babaca e muitas outras coisas ruins. As auto-ofensas me animaram, você não vai acreditar, mas o que aconteceu em seguida foi coisa de cinema. Eu tomei coragem e a chamei, ela se virou, parecia ansiosa, talvez esperasse por aquela atitude a tempos. Caia uma chuva rala, me aproximei, peguei nas mãos delas, me aproximei, ia dar o bote naquela hora. Mas não é que a sem-vergonha virou o rosto na hora que tentei beijá-la? Pois é, nunca senti minhas pernas tremerem tanto, se ela percebesse isso é que não ia me beijar mesmo. Qual mulher que quer beijar um frouxo que fica com as pernas tremendo na hora de um beijo? Mas eu me segurei, não desisti, o valor do prêmio é proporcional ao valor do risco. Insisti mais uma vez e foi só alegria. Faz muitos anos isso, já comi tantas mulheres que perdi as contas, tantas que nem lembro mais o nome de pelo menos metade delas. E mesmo assim, em todos esse anos eu nunca senti emoção nenhuma que se comparasse ao que senti nequele beijo, com exceção de alguns orgasmos que o superaram, mas foi sexo, não foi beijo, então passa. Daria o que tenho pra viver tudo de novo."
Uns momentos de silêncio.
" E então? terminou?"
" Terminei, toma!"
O engraxate pega 50 centavos, põe a caixa de engraxar nas costas e sai apressado.
" Ou amigo, desce um traçado aí daqueles."
" Pra já chefia!"

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Um assalto qualquer

A agência dos correios estava um tumulto só, às vésperas do encerramento para as inscrições do vestibular, Dezenas e dezenas de jovens ansiosos abarrotavam o salão dos Correios e provavelmente o mesmo ocorria pelo brasil afora. A perspectiva para aqueles estudantes, de não conseguirem realizar a sua inscrição, deveria equivaler à mesma sensação de perder um dos braços. Para Thaís parecia ser ainda pior, seria a mesma de morrer, ficar parada no tempo e ressuscitar, acordar, no outro ano durante um novo período de inscrição.
-Fora de que? fora do ar a porra! - berrava um jovem exaltado em um dos terminais. - se eu não me inscrever hoje meto um processo nessa merda de correio!
-Calma, calma. - pedia aflita a atendente do terminal. - O sistema está fora do ar temporariamente por causa do excesso de pessoas se inscrevendo. é um congestionamento. Logo volta ao normal.
- É bom que volte mesmo! - resmungou o jovem.
O desespero se generalizou no ambiente, os estudantes ficaram mais ansiosos ainda, conversavam entre si, reclamavam da má qualidade do atendimento, do calor, do mau cheiro dos que não tomaram banho, ou dos que não usaram desodorante. Reclamar era bom, fazia o tempo passar e aliviava a tensão. Hipocrisia rolando solta, natural em qualquer ambiente.
-Ô MEU DEUS! - Exclamou com muita energia a Julia, amiga de Thaís.
-Faço minhas as suas palavras amiga. Ô MEU DEUS! - Emendou thaís dando mais ênfase que Julia ao dizer ô meu deus. - Se não fizermos hoje essa inscrição estamos ferradas, ferradas!
-Hã? Que? - O tom que Julia usou mesclava distração com irônia. - Tou nem aí pra essa merda de vestibular, vou fazer por que sou obrigada pelo meu pai, essa é uma ótima desculpa pra não fazer. De qualquer forma vou ficar sem minha viagem á Portugal, por que deixei pra fazer essa inscrição no último dia, ele não deixa passar nada, ta sempre procurando um jeito de me torturar.
-Aff... Não perco meu tempo lhe falando mais nada. - desabafou Thaís. - Sempre vai ser uma cabeça de vento.
- Que seja, tou nem aí, não ligo! - Respondeu Julia despreocupada. - Falei ô meu deus por causa daquele gato ali ó.
Julia apontava para um rapaz que acabara de entrar no salão da agência. Ele olhava da porta em todas as direções para dentro do salão, parecia estar procurando por alguém. Era um rapaz de altura mediana, talvez tivesse 1,80m. Possuia uma magreza atlética, trajava uma camisa regata branca que deixava à mostra uma tatuagem tribal na parte superior do braço direito, Jeans e uma mochila nas costas. Uma corrente de prata se destacava em seu pescoço juntamente com um piercing na sombracelha esquerda e um brinco discreto na orelha direita. Era realmente muito atraente, observou Thaís, mas para não da ibope para Julia expressou o contrário:
- Nem é essas coisas toda!
- Nao é o que? não brinca Tatá. - Falou figindo uma expressão de abismada. - Pra ele eu dava casa, comida, roupa lavada e muito amor, é claro!
- Aff... Você não é capaz de pensar em nada construtivo, mente suja! - Respondeu indignada Thaís. - Eu doida de preocupação com o vestibular, com meu futuro, e você, e você... Argh! deixa pra lá, aposto que ele tem bafo!
- Aposto que vai perder a aposta, quer ver? - Julia desafiava Thaís.
- Ver? ver o que? você não vai...- Thaís não terminou, foi cortada por Julia.
-Cala a boca, ele ta vindo pra cá. - Disse Julie soltando uma risada maliciosa. - Vamus saber agora se ele tem bafo ou não.
O rapaz saiu da porta e caminhava decidido na direção das meninas, desviando-se vez ou outra de alguém que entrava no caminho. Ele ia passar direto, mas Julia Fingiu da um passo distraído para trás e esbarrou nele.
- Ô... me desculpa, eu não te vi. - Julia forjou um pedido de desculpas bem cara de pau.
- Não tem problema, Com licença.- A voz dele soou metálica, meio rouca, Talvez não fosse do tipo que conversasse muito.
Seguiu seu caminho lançando um olhar direto nos olhos de Thaís. Um olhar forte, penetrante, ela tentou sustentar a visão, mas desviou o olhar. Talvez intimidada pela expressão forte que ele tinha, ou impressionada pela clara demonstração de interesse, ou talvez ele tivesse visto uma casquinha de meleca do nariz dela se apresentando ao mundo e quisesse mostrar discretamente isso. Institivamente ela levou a mão ao nariz para verificar. Para Julia Foi um prato cheio a encarada do rapaz.
- Nossa! Ele te comeu com os olhos. Ele era meu, você num perde tempo pra furar meu olho. Se faz de santinha mas é uma tremenda duma safada, né?! - Brincou Julia segurando a barriga de tanto rir.
Não houve tempo de Thaís digerir a piada da amiga. Três estouros secos se fizeram ouvir. Boquiaberta e assustada Thaís via de onde vinham os tiros. De uma pistola que estava nas mãos daquele rapaz. Ele tinha um dos pé nas costas de um guarda, que estava desfalecido no chão. Com um olhar que não transparecia nenhuma emoção, só decisão.
- Essa porra é um assalto! Quem reagir vai pro inferno junto com esse comédia aqui! - ele bradou efetuando mais três disparos para garantir a execução.
O pânico se formou e os que estavam próximos à saída tentaram correr, em vão. Dois homens armados atiraram para o teto para intimidar. Um quarto homem empunhou a arma que estava na cintura e caminhou na direção do rapaz que havia matado o guarda, lhe segredou algo, trocaram algumas poucas palavras e então se encaminhou aos caixas, sempre apontando a arma em todas as direções. Ainda com um dos pés nas costas do guarda morto, o rapaz grita:
- É o seguinte, quero todos sentados e encolhidos aí no chão e com as mãos erguidas. Aquele que atravessar, me desobedecer e abaixar pelo menos um dedo, nem que seja pra coçar o nariz, eu estouro a cabeça do infeliz ou da infeliz. - Todos obedecem sem hesitar, em segundos dezenas de pessoas estão sentadas e encolhidas e com as mãos erguidas. Se dirigindo á um homem que provavelmente seria o gerente o jovem prossegue. - E você seu comédia, tenho só dois minutos, então, agiliza meu lado aí, cata todos os malotes e o dinheiro dos caixas, se passar um segundo desse tempo vou fazer uma chacina, começando por você. Agora são só 90s.
Muito mais rápido do que era preciso, o gerente entrou em uma sala e voltou carregado de malotes, os atendentes dos terminais haviam posto o dinheiro dos caixas em outros malotes. O assaltantes saem à toda ao comando do rapaz que matara o guarda. Thaís estava sentada, em estado de choque, horrizada ela lhe lança olhar de esguelha. O rapaz ao chegar à porta percebe o olhar e para. O coração de Thaís ficou descompassado, achou que iria morrer naquele momento por ter olhado para ele. O jovem a olhou, olhou ao redor, com um sorriso no rosto ele lhe lança uma piscadela e um beijo, vira as costas e sai.
"Pelo menos não tinha bafo." pensou julia.



Continua...

domingo, 9 de maio de 2010

Resumindo minha história literária! O começo de tudo.

Olá pessoal. Sou um cara que escreve esporadicamente nos tempos livres, que são raros. Desde muito jovem, 8 ou 10 anos , já possuía essa paixão por livros, por boas histórias. Inicialmente a história tinha que me agradar em seu enredo, com o tempo, fui amadurecendo e ficando mais exigente. Enredo, estrutura, idéia entre outras coisas faziam eu achar um texto bom ou ruim.

Lia muitos contos de fantasia, carochinha mesmo, quando moleque. Foi a base, e continuo até hoje lendo textos do tipo. Agora num leio mais contos simples como os dos Irmaos Grimm, Andersen Hans Christian, Perrault, entre outros mestres dos contos de fadas. Leio contos de fadas no estilo de História Sem fim de Michel ende, Crônicas de Nárnia de C . S. Lewis, Senhor dos Anéis de Tolkien, Harry Potter de J. K. Rowling. Conheci a literatura clássica, leitura muitas vezes monótona, mas com bastante qualidade. Julio Verne me impressionou quando tive a oportunidade de ler um livro dele em texto integral, As 20 Mil Léguas Submarinas, depois desse, li vários outros, Miguel Strogoff, Da terra á Lua, Ao redor da Lua, A volta ao mundo em 80 dias, A ilha Misteriosa e muitos outros que nem me recordo o nome mais. Ele me influenciou muito, moleque ainda me aventurava a escrever histórias de aventura pelo mundo afora em meu caderninho de brochura. Conheci Alan Poe, filho da mãe, me deixou uma impressão muito forte em seus contos de mistério, Por causa dele comecei a estudar sobre paranormalidade para escrever contos sobre o tema. Veio Rubem Fonseca, Puta merda! Esse cara é foda, me deixou atônito com o seu jeito direto de escrever sobre violência. Pronto! Me tornei um escritor amador multi estilos, há muitas outras influências de outros ramos da literatura, como a ficção científica nos contos de Isaac Asimov, ou nos livros da Mega série Alemã Perry Rhodan, e tantas outras influências q ficarão claras nos textos postados aqui.

No blog vou satisfazer leitores de todos os gostos. Vou postar Contos de fantasia, contos de Ficção científica, Contos sobrenaturais( que poderia ser de fantasia também), contos que retratam a violência social, Contos de aventura.
Saboreiem cada texto, critiquem mesmo, seja a crítica boa ou ruim, de qualquer forma será construtiva. Se eu errar na ortografia, gramática, me corrijam, não sou perfeito e estou sujeito a erros.

E é isso, um abraço pessoal, em breve estarei postando o primeiro texto.